RECEITA DE ANO NOVO ( Carlos Drummond de Andrade)







Para   você ganhar belíssimo 
Ano Novo cor do arco-íris, 
ou da cor da sua paz;

Ano Novo sem comparação 
com todo o tempo já vivido
( Mal vivido ou talvez sem sentido);

Para você ganhar um ano não apenas pintado de novo,
Remendado as carreiras,
Mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;

Novo até no coração das coisas menos percebidas,
( A começar pelo seu interior );

Novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
Mas com ele se come, se passeia,
Se ama, se compreende, se trabalha;

Você não precisa beber champanha, ou qualquer outra birita,
Não precisa expedir nem receber mensagens,
(planta recebe mensagens? passa telegramas? )

Não precisa fazer lista de boas intenções
Para arquivá-las na gaveta.

Não precisa chorar de arrependido
Pelas besteiras consumadas,

Nem parvamente acreditar
Que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem,
E seja tudo claridade, recompensa,
Justiça entre os homens e as nações,

Liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
Direitos respeitados, começando
Pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo 
Que mereça este nome,
Você, meu caro, tem de merecê-lo,

Tem de fazê-lo Novo,
Eu sei que não é fácil,
Mas tente, experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo
Cochila e espera desde sempre.



PREMIO DARDOS





ESTE BLOG PALAVRAS, POEMAS  E  POETAS
FOI CONTEMPLADO COM O PREMIO DARDOS-2012

Por indicação do Amigo Vitor Reis do Blog 100viagensnoolhar.blogspot.com.br,

 Muito Obrigada Vitor  pela gentil  indicação e partilha


Origem do selo-prêmio:

O Prêmio Dardos foi criado pelo escritor espanhol Alberto Zambade 
que, em 2008, concedeu no seu blog Leyendas de `El Pequeño Dardo´ 
o primeiro Prêmio Dardo a quinze blogs selecionados por ele. 
Ao divulgar o prêmio, Zambade solicitou aos blogs premiados 
que também indicassem
 outros blogs ou sites considerados merecedores do prêmio. 
Assim, a premiação se espalhou pela Internet.


Segundo o seu criador, o Prêmio Dardos destina-se a
reconhecer os valores demonstrados
 por cada trabalho desenvolvido 
pelos Blogueiros, e que empenham-se  para transmitir valores
culturais, éticos, literários, pessoais, dentre outros, 
com criatividade por meio do pensamento vivo
que permanece inato entre as suas palavras.


O reconhecimento de um Projeto 
desenvolvido com dedicação e amor, 
É o que toca ao coração do  seu idealizador/realizador,
como  incentivo
 para cada dia se aperfeiçoar mais e mais,
assim penso e acredito, 
portanto,
deixo aqui disponibilizado este Premio à todos
os Amigos  Seguidores do Blog 
que também são merecedores
 por seus trabalhos criativos,
E por considerá-los motivação e incentivo
na  continuação deste Blog.

Sintam-se à vontade para mais este compartilhar,

Obrigada 

e

Grande Beijo no  coração,

Lecy'ns

TOMARA (Vinicius de Moraes)






Tomara que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho
Que chore, se arrependa e pense muito
Que é melhor se sofrer junto
Que viver feliz sozinho..




Tomara que a tristeza lhe convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz.
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece mesmo a antiga trama
Que não se desfaz.




E a coisa mais divina que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais.

O AMOR (Gibran Khalil Gibran)




O amor era meu único entretenimento,
 Inspirando-me canções de alegria à noite
E acordando-me ao amanhecer 
Para revelar-me o significado da vida
E os segredos da natureza.

É um Amor paradisíaco...

Livre do ciúme é substancioso
E benéfico ao espírito...

É uma profunda afinidade
Que faz a alma sobrenadar em contentamento..

Uma fome profunda de afeição que..
Quando satisfeita, inunda o coração de bondade!

Uma ternura que cria a esperança
Sem agitar a alma,
E transforma a terra em paraíso..
 E a vida em um sonho doce e belo...

Pela manhã, quando andava pelos campos,
Eu via a presença da Eternidade
No acordar da natureza...

E quando me sentava na praia,
Ouvia as ondas cantando 
 A canção dos Milênios..

Quando caminhava pelas ruas,
Eu via a beleza da vida,
E o esplendor da humanidade
No rosto dos transeuntes,
E na movimentação dos trabalhadores...

A alma que tinha observado com alegria
O vigor incansável da humanidade,
E a glória do universo..
Estava torturada pelas provas de decepção..
 E do fracasso..

Nada fora mais bonito que aqueles dias de Amor..

E nada era mais amargo que aquelas horríveis
Noites de tristezas.....

Quando não mais pude resistir ao impulso... 

Fui...





DESPEDIDA ( J.G. de Araújo Jorge )





Toda  vez que nos despedimos, tontos de Amor..

Enquanto me afagas, enquanto te afago..

Teus olhos escuros, vidrados,

Tem um brilho interior

de lua no fundo de um lago...

Toda vez que nos despedimos,

À espera de uma inquietante "outra vez"..

Enquanto recostas tua cabeça em meu peito,

Te olho nos olhos, pensando que nunca nos vimos..

E me olhas também, mas parece que não me vês ..

Toda vez que nos despedimos,

Toda vez...

Há um mundo de ternura em teus olhos, um mundo..

Estranho e profundo..

Como os reflexos da lua no vinho que ficou

No fundo..

de duas taças.. após a embriaguez..


HÁ PALAVRAS QUE NOS BEIJAM ( Alexandre O'neill )





Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de Amor, de Esperança,
De imenso amor, de esperança louca.


Palavras nuas que beijas,
Quando a noite perde o rosto..
Palavras que se recusam 
Aos muros do teu desgosto...


De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas..inesperadas..
Como a poesia ou o  amor.


(O nome de quem se ama,
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)


Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes..
Abraçados contra a morte...



CANÇÃO DA TUA CHEGADA ( Lya Luft )





Este fogo, esta fonte,

Esta noite de insônia..

Teus panos na cama,

Teus passos na casa,

Tua voz ao meu lado...

Meu Bem que viaja,

Num mundo tão outro..

E está no meu peito,

E alumia estas dores..

Me povoa, me coroa..

Me leva na sua escuna...

Me define.. Me redime...

Me inventa  e desinventa...

Que corre comigo,

Que comigo deita...

Comigo viaja..

Na casa, no vento..

No fogo da fonte..

No quarto que é o mundo....


SAUDADES ( J.G. DE ARAUJO JORGE )




Fere aos poucos: mansa fera...
Maltrata...Mas não destrói !
Saudade é dor que ainda espera,
É uma esperança que dói....


Já não há chamas...A vida
É invisível combustão.
Saudade: Brasa escondida...
Queimando no coração!


Longe o Amor, Quem pode Amar ?
Tudo é inquietude... Aflição...
A saudade é falta de ar,
Asfixiando o coração!


Nesse jardim de surpresas,
Que foi o amor que me deste,
As violetas são tristezas,
Minha saudade... um cipreste!


O tempo tudo desbasta,
Mas nem a tudo desfaz:
A saudade não se gasta..
Com o tempo aumenta mais!


Persistente e fina dor,
Sombra da felicidade,
Ânsia e gemido de Amor...
Lembrança e espera... Saudade!


Saudade boa é a que existe
na espera...que há de chegar..
Mas há uma saudade triste
Que fica sempre a esperar!


Saudade é Amor que se sente..
No coração inseguro...
É Amor Passado..Presente..
Que ainda espera ter futuro...


Saudade é fidelidade!
E eis como a imagem se explica:
Partem o Amor.. a amizade...
Todos partem... ela fica...


Saudade é permanência,
Algo de amor que ficou,
Que, mesmo longe, na ausência,
Só partiu..não se ausentou..


Saudade..estranha ilusão..
Que a solidão recompensa,
Presença no coração,
Maior que a própria presença!


Saudade..enigma cruciante!
Que talvez se explique assim:
Quanto mais te sei distante..
Mais te sinto junto a mim!






SONETO A QUATRO-MÃOS ( Vinicius de Moraes e Paulo Mendes Campos )



  
Tudo de Amor que existe em mim foi dado.
Tudo que fala em mim de Amor foi dito.
Do nada em mim o Amor fez o infinito
Que por muito tornou-me escravizado.



Tão pródigo de Amor fiquei coitado
Tão fácil para Amar fiquei proscrito.
Cada voto que fiz ergueu-se em grito
Contra o meu próprio dar demasiado.



Tenho dado de Amor mais que coubesse,
Nesse meu pobre coração humano,
Desse eterno Amor meu antes não desse.



Pois se por tanto dar me fiz engano,
Melhor fora que desse e recebesse,
Para viver da vida o Amor sem dano.



DESTINO DOS VERSOS ( Alberto Caeiro, por Fernando Pessoa )





Da mais alta janela da minha casa
Com um lenço branco digo adeus
Aos meus versos que partem para a humanidade...


E não estou alegre nem triste.
Esse é o destino dos versos.


Escrevi-os e devo mostrá-los a todos
Porque não posso fazer o contrário
Como a flor não pode esconder a cor,
Nem o rio esconder que corre,
Nem a árvore esconder que dá fruto.


Ei-los que vão  já longe como que na diligência 
E eu sem querer sinto pena
Como uma dor no corpo.


Quem sabe quem os lerá ?
Quem sabe a que mãos irão ?


Flor, colheu-me o meu destino para os olhos.
Árvore, arrancaram-me os frutos para as bocas.
Rio, o destino da minha água era não ficar em mim.
Submeto-me e sinto-me quase alegre,
Quase alegre como quem se cansa de estar triste.


Ide, ide de mim !
Passa a árvore e fica dispersa pela natureza.
Murcha a flor e o seu pó dura sempre.
Corre o rio e entra no mar e a sua água é sempre a que foi sua.
Passo e fico, como o Universo...


CANÇÃO DA FALSA ADORMECIDA ( Lya Luft )



Se te pareço ausente, não creias:
Hora a hora o meu amor agarra-se aos teus braços,
Hora a hora o meu desejo revolve estes escombros
E escorrem dos meus olhos mais promessas.



Não acredites neste  breve  sono;
Não dês valor maior ao meu silêncio;
E se leres recados numa folha branca,
Não creias também: é preciso encostar
Teus lábios em meus lábios para ouvir.



Nem acredites se pensas que te falo:
Palavras...
São o meu jeito mais secreto de calar..

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