LÁGRIMAS OCULTAS ( Florbela Espanca )





Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me  que  foi  noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida..



E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas,
E cai num abandono de esquecida!



E fico, pensativa, olhando o vago,
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim..



E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma..
Ninguém as vê cair dentro de mim!




3 comentários:

Ineifran Varão disse...

Suas postagens são de excelente bom gosto. Parabéns. Bjs

Edum@nes disse...

Lágrimas ocultas
Dentro dos olhos ficaram
Das palavra mudas
Que não se escutaram!

Boa noite para você,
um abraço, Eduardo.

Maria Luisa Adães disse...

Florbela Espanca

A poetisa do "Amor".

Amei este encontro!

Maria Luísa

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