que cultura é o caminho
que o homem percorre para se conhecer.
Sócrates fez o seu caminho de cultura
e ao fim falou que só sabia que não sabia de nada.
Não tinha as certezas científicas.
Mas que aprendera coisas di-menor com a natureza.
Aprendeu que as folhas das árvores
servem para nos ensinar a cair sem alardes.
Disse que fosse ele caracol vegetado
sobre pedras, ele iria gostar.
Iria certamente aprender o idioma
que as rãs falam com as águas
e ia conversar com as rãs.
E gostava mais de ensinar
que a exuberância maior
está nos insetos do que nas paisagens.
Seu rosto tinha um lado de ave.
Por isso ele podia conhecer
todos os pássaros do mundo
pelo coração de seus cantos.
Estudara nos livros demais.
Porém aprendia melhor no ver,
no ouvir, no pegar, no provar e no cheirar.
Chegou por vezes de alcançar o sotaque das origens.
Se admirava de como um grilo sozinho,um só pequeno grilo,
podia desmontar os silêncios de uma noite!
Eu vivi antigamente com
Sócrates, Platão, Aristóteles - esse pessoal.
Eles falavam nas aulas:
Quem se aproxima das origens se renova!
Píndaro falava pra mim que usava
todos os fósseis linguísticos que achava
para renovar sua poesia.
Os mestres pregavam
que o fascínio poético vem das raízes da fala.
Sócrates falava que as expressões
mais eróticas são donzelas.
3 comentários:
Um poema belo e profundo, parabéns pela postagem.
A linguagem, em relação ao seu poder, ainda é um mistério pra nós.
Um beijo, flor.
Manoel de Barros toca-nos profundamente, gosto muito.
abraço
oa.s
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