EU E TU ( António Feijó )






Dois..Eu e Tu...num ser indissolúvel ....
Como brasa e carvão, centelha e lume, oceano e areia...
Aspiram a formar um todo - em cada assomo..
A nossa aspiração mais violenta se ateia..



Como a onda e o vento, a lua e a noite, o orvalho e a selva...
O vento erguendo a vaga, o luar doirando a noite...
Ou o orvalho inundando as verduras da relva
Cheio de ti...Meu ser d'eflúvios impregnou-te...



Como o lilás e a terra onde nasce e floresce...
O bosque  e o vendaval desgrenhando o arvoredo..
O vinho e a sede..o vinho onde tudo se esquece...
Nós dois...d'amor enchendo a noite do degredo...



Como parte dum todo, em amplexos supremos,
Fundindo os corações no ardor que nos inflama...
Para sempre um ao outro, eu e tu pertencemos...
Como se eu fosse o lume e tu fosses a chama....

SAUDADES ( António Mendes Cardoso )





Na espuma verde do mar
Desenharei o teu nome..



Em cada areia da praia,
Em cada pólen da flor,
Em cada gota do orvalho,
O teu nome deixarei gravado...



No protesto calado
De cada homem ultrajado,
Em cada insulto,
Em cada folha caída,
Em cada boca faminta,
Hei de escrever o teu nome..



Nos seios férteis das virgens,
Nos sorrisos perenes das mães,
Nos dedos dos namorados,
No embrião da semente,
Na luz irreal das estrelas,
Nos limites do tempo..

Hei de uma esperança semear...


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