Já gastamos as palavras pela rua,Meu Amor...
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes..
Gastamos tudo, menos o silêncio.
Gastamos os olhos com o sal das lágrimas,
Gastamos as mãos à força de as apertarmos,
Gastamos o relógio e as pedras das esquinas,
em esperas inúteis..
Meto as mãos nas algibeiras
e não encontro nada.
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
Quanto mais te dava mais tinha para te dar!
Às vezes tu dizias:
Os teus olhos são peixes verdes!
Os teus olhos são peixes verdes!
E eu acreditava..
Acreditava,
porque ao teu lado,
porque ao teu lado,
todas as coisas eram possíveis..
Mas isso era no tempo dos segredos..
no tempo em que o teu corpo era um aquário!
No tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes!
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade..
Uns olhos como todos os outros!
Já gastamos as palavras.
Quando agora digo: Meu Amor..
Já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração..
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas...
Adeus.
Um comentário:
Bonjour,
Un très joli poème... Dommage que le traducteur ne restitue pas toujours les bons mots...
Gros bisous
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