Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces,
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida,
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto,
E em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gôta de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos
E tu desabrocharás para a madrugada -
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu,
Porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos,
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar,
do vento,
do céu,
das aves,
das estrelas;
Serão a tua voz presente,
a tua voz ausente, a tua voz serenizada!
3 comentários:
Quanto encantamento por aqui!.. Parabéns Lecy!!.. Já estou a lhe acompanhar por aqui também [:)]
Beijoquinhas super em seu coração e parabéns pelos cantinhos lindos que possui!
Verinha
A poesia também é feita
de ausências.
Parabéns tambéemLecy, maravilhosas poesias... também sempre vou dar uma passada por aqui... uma ótima semana pra vc também, obrigada beijos
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